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“Para viajar basta existir. ... Fernando Pessoa

12 de janeiro de 2009

Aconcágua - A outra face


Finalmente o dia havia chegado, depois de muito treino, preparação, planejamento e ansiedade, chegamos em Mendoza no dia 12 de dezembro. De início éramos 6: eu, Cleusa e Chen, de São Paulo, Wally, William e Rosiane, do Rio.
Marcamos um encontro com Sebastien e Caroline, conhecidos de Wally da temporada de 2006. Jantamos perto mesmo do albergue onde estávamos hospedados: bife de chorizo (contrafilé argentino) e vinho.
Pela manhã fomos ao centro de turismo, Naka e Miriam estavam lá. Eu havia trocado alguns emails com Naka no Brasil e nos conhecemos pessoalmente. Pagamos o permiso de ascenso (média temporada - 1000 pesos argentinos ±US$320) e a atendente nos orientou para entrar no parque até o dia 14 de dezembro, data limite para a média temporada, ou seja, no dia seguinte. Posteriormente soubemos que não era necessário. Depois que o permiso é pago, a pessoa tem 48 horas para entrar no parque, independemente se ultrapassa um dia da temporada ou não.
Dia 14/12 - Entrada no Parque por Horcones e caminhada até Confluencia
1o. dia de caminhada. Acordamos de manhã, mal tomamos café e começamos a arrumar a bagunça. Era bagagem que ia pelas Mulas, barraca, saco de dormir e comida pra 3 dias que levaríamos para Confluencia e roupas que ficariam no albergue. Tínhamos marcado com Hugo, o responsável pelas mulas às 10:00h, mas nem em sonho estávamos prontos. Marcamos de novo às 14:00h e era melhor caminhar quando o sol estivesse mais ameno. Ele deve ter duvidado e apareceu lá pelas 14:30h onde já esperávamos ansiosos. Levou primeiro as bagagens e tambores que iam nas mulas depois nos deixou na entrada do Parque, no Posto de Guarda Parque de Horcones. Realizamos o check in, recebemos orientação e um saco plástico para o lixo, numerado para cada permiso. Começamos a caminhar às 4 da tarde. Perto da entrada há alguns lagos e ao fundo o nosso primeiro contato com a montanha. Havia uma nuvenzinha que não saía do cume, tudo bem, saiu em todas as fotos. A caminhada é tranquila, o ar muito seco, a terra fina. A subida não é muito íngreme, mas a falta de oxigênio começou a fazer efeito. Tivemos nosso primeiro contato com o gelo já no primeiro dia de caminhada, a temporada estava fria. Alguns de um grupo de adolescentes israelenses que cruzamos no caminho chegaram bem cansados. Nós também. Chegamos umas 7/8 horas, eu e Cleusa armamos nossa barraquinha e vimos Chen e Wally quebrar a cabeça para armar a barraca hotel deles. Tempos depois ela ficou pronta. Fizemos a janta com um pouco de vento, estava bem frio, uns 6 graus, comemos e dormimos. A noite, uma surpresa: o céu repleto de estrelas!

2o.dia - Caminhada a Plaza Francia
Até tomarmos café, arrumar as coisas e sair demorou. Começamos a caminhada devagar, passamos do cruzamento do caminho que vai para Plaza de Mulas e seguimos para o vale que nos leva a parede sul. Os vales são muito bonitos com paredes de montanhas rochosas gigantes nas laterais, conseguimos ver longe e longe também é onde precisamos chegar. Chegando no mirante, Wally estava cansado e Chen com dor de cabeça, resolveram voltar. Fomos até Plaza Francia, duvidando que o tempo ia abrir, nevou de leve, mas quando chegamos lá...bateu um vento e a parede sul se abriu. Voltamos no final do dia, comecei a me sentir mal, o pessoal pediu janta para Eugenia que trabalhava para o Refugio, mas eu mal conseguia me mexer. Do jeito que cheguei da trilha eu passei a noite: com dor de cabeça e dor de barriga.

3o.dia - Confluencia
Fomos ao médico e ele explicou que a água de lá tinha muito magnésio e isso causa reações em algumas pessoas como gases e desinteria. Chen ainda estava com a saturação de oxigênio um pouco baixa e Wally também, eu estava me recuperando da noite anterior, assim, resolvemos ficar em Confluencia mais um dia para melhor aclimatação do grupo. Foi ótimo descansar, aproveitamos para lavar roupa, colocar as anotações em dia e bater papo. A terra é muito fina, suja tudo. O sol de rachar, protetor de sol direto, mesmo assim não vence. Até banho eu tomei, por conta da mangueira que é longa, o sol batia e esquentava a água. Improvisei um chuveiro de mangueira no banheiro e assim passamos o dia "nos aclimatando". Teve até seção de shiatsu e massagem.

4o.dia - de Confluencia a Plaza de Mulas
As mulas passaram cedo em Confluencia para pegar o restante do peso, conforme combinado.
Com a experiência de Wally, ele marcou com Hugo em Penitentes para as mulas saírem no dia em que caminharíamos de Confluencia para Plaza de Mulas. O combinado era que deixaria espaço de 1/2 mula (30 kgs) para as barracas, sacos de dormir e uma panela ou outra de todos, aliviando um pouco do nosso peso na longa caminhada. Mas, além disso, Rosiane e William queriam despachar também suas mochilas para subir com menos peso até Plaza, afinal, quem não queria? Não havia espaço suficiente na mula, até o meu saco de dormir (2 kg) quase fica de fora. Mesmo assim Rosiane conseguiu que o Muleiro carregasse sua bagagem nas costas, o que acabou ultrapassando o peso permitido. O espírito de equipe havia sido quebrado. Depois de uma discussão daquelas com ofensas e gritaria, eu, Cleusa, Wally e Chen, subimos com as mochilas cargueiras com ±8kgs, nem tão pesada assim, Rosiane de mochila de ataque, William acabou levando uma das cargueiras, pois não conseguiu colocar na mula.

Dia 14/12 - Entrada no Parque por Horcones e caminhada até Confluencia
1o. dia de caminhada. Acordamos de manhã, mal tomamos café e começamos a arrumar a bagunça. Era bagagem que ia pelas Mulas, barraca, saco de dormir e comida pra 3 dias que levaríamos para Confluencia e roupas que ficariam no albergue. Tínhamos marcado com Hugo, o responsável pelas mulas às 10:00h, mas nem em sonho estávamos prontos. Marcamos de novo às 14:00h e era melhor caminhar quando o sol estivesse mais ameno. Ele deve ter duvidado e apareceu lá pelas 14:30h onde já esperávamos ansiosos. Levou primeiro as bagagens e tambores que iam nas mulas depois nos deixou na entrada do Parque, no Posto de Guarda Parque de Horcones. Realizamos o check in, recebemos orientação e um saco plástico para o lixo, numerado para cada permiso. Começamos a caminhar às 4 da tarde. Perto da entrada há alguns lagos e ao fundo o nosso primeiro contato com a montanha. Havia uma nuvenzinha que não saía do cume, tudo bem, saiu em todas as fotos. A caminhada é tranquila, o ar muito seco, a terra fina. A subida não é muito íngreme, mas a falta de oxigênio começou a fazer efeito. Tivemos nosso primeiro contato com o gelo já no primeiro dia de caminhada, a temporada estava fria. Alguns de um grupo de adolescentes israelenses que cruzamos no caminho chegaram bem cansados. Nós também. Chegamos umas 7/8 horas, eu e Cleusa armamos nossa barraquinha e vimos Chen e Wally quebrar a cabeça para armar a barraca hotel deles. Tempos depois ela ficou pronta. Fizemos a janta com um pouco de vento, estava bem frio, uns 6 graus, comemos e dormimos. A noite, uma surpresa: o céu repleto de estrelas!
2o.dia - Caminhada a Plaza Francia
Até tomarmos café, arrumar as coisas e sair demorou. Começamos a caminhada devagar, passamos do cruzamento do caminho que vai para Plaza de Mulas e seguimos para o vale que nos leva a parede sul. Os vales são muito bonitos com paredes de montanhas rochosas gigantes nas laterais, conseguimos ver longe e longe também é onde precisamos chegar. Chegando no mirante, Wally estava cansado e Chen com dor de cabeça, resolveram voltar. Fomos até Plaza Francia, duvidando que o tempo ia abrir, nevou de leve, mas quando chegamos lá...bateu um vento e a parede sul se abriu. Voltamos no final do dia, comecei a me sentir mal, o pessoal pediu janta para Eugenia que trabalhava para o Refugio, mas eu mal conseguia me mexer. Do jeito que cheguei da trilha eu passei a noite: com dor de cabeça e dor de barriga.

3o.dia - Confluencia
Fomos ao médico e ele explicou que a água de lá tinha muito magnésio e isso causa reações em algumas pessoas como gases e desinteria. Chen ainda estava com a saturação de oxigênio um pouco baixa e Wally também, eu estava me recuperando da noite anterior, assim, resolvemos ficar em Confluencia mais um dia para melhor aclimatação do grupo. Foi ótimo descansar, aproveitamos para lavar roupa, colocar as anotações em dia e bater papo. A terra é muito fina, suja tudo. O sol de rachar, protetor de sol direto, mesmo assim não vence. Até banho eu tomei, por conta da mangueira que é longa, o sol batia e esquentava a água. Improvisei um chuveiro de mangueira no banheiro e assim passamos o dia "nos aclimatando". Teve até seção de shiatsu e massagem.

4o.dia - de Confluencia a Plaza de Mulas
As mulas passaram cedo em Confluencia para pegar o restante do peso, conforme combinado.
Com a experiência de Wally, ele marcou com Hugo em Penitentes para as mulas saírem no dia em que caminharíamos de Confluencia para Plaza de Mulas. O combinado era que deixaria espaço de 1/2 mula (30 kgs) para as barracas, sacos de dormir e uma panela ou outra de todos, aliviando um pouco do nosso peso na longa caminhada. Mas, além disso, Rosiane e William queriam despachar também suas mochilas para subir com menos peso até Plaza, afinal, quem não queria? Não havia espaço suficiente na mula, até o meu saco de dormir (2 kg) quase fica de fora. Mesmo assim Rosiane conseguiu que o Muleiro carregasse sua bagagem nas costas, o que acabou ultrapassando o peso permitido. O espírito de equipe havia sido quebrado. Depois de uma discussão daquelas com ofensas e gritaria, eu, Cleusa, Wally e Chen, subimos com as mochilas cargueiras com ±8kgs, nem tão pesada assim, Rosiane de mochila de ataque, William acabou levando uma das cargueiras, pois não conseguiu colocar na mula.

2o.dia - Caminhada a Plaza Francia
Até tomarmos café, arrumar as coisas e sair demorou. Começamos a caminhada devagar, passamos do cruzamento do caminho que vai para Plaza de Mulas e seguimos para o vale que nos leva a parede sul. Os vales são muito bonitos com paredes de montanhas rochosas gigantes nas laterais, conseguimos ver longe e longe também é onde precisamos chegar. Chegando no mirante, Wally estava cansado e Chen com dor de cabeça, resolveram voltar. Fomos até Plaza Francia, duvidando que o tempo ia abrir, nevou de leve, mas quando chegamos lá...bateu um vento e a parede sul se abriu. Voltamos no final do dia, comecei a me sentir mal, o pessoal pediu janta para Eugenia que trabalhava para o Refugio, mas eu mal conseguia me mexer. Do jeito que cheguei da trilha eu passei a noite: com dor de cabeça e dor de barriga.
3o.dia - Confluencia
Fomos ao médico e ele explicou que a água de lá tinha muito magnésio e isso causa reações em algumas pessoas como gases e desinteria. Chen ainda estava com a saturação de oxigênio um pouco baixa e Wally também, eu estava me recuperando da noite anterior, assim, resolvemos ficar em Confluencia mais um dia para melhor aclimatação do grupo. Foi ótimo descansar, aproveitamos para lavar roupa, colocar as anotações em dia e bater papo. A terra é muito fina, suja tudo. O sol de rachar, protetor de sol direto, mesmo assim não vence. Até banho eu tomei, por conta da mangueira que é longa, o sol batia e esquentava a água. Improvisei um chuveiro de mangueira no banheiro e assim passamos o dia "nos aclimatando". Teve até seção de shiatsu e massagem.

4o.dia - de Confluencia a Plaza de Mulas
As mulas passaram cedo em Confluencia para pegar o restante do peso, conforme combinado.
Com a experiência de Wally, ele marcou com Hugo em Penitentes para as mulas saírem no dia em que caminharíamos de Confluencia para Plaza de Mulas. O combinado era que deixaria espaço de 1/2 mula (30 kgs) para as barracas, sacos de dormir e uma panela ou outra de todos, aliviando um pouco do nosso peso na longa caminhada. Mas, além disso, Rosiane e William queriam despachar também suas mochilas para subir com menos peso até Plaza, afinal, quem não queria? Não havia espaço suficiente na mula, até o meu saco de dormir (2 kg) quase fica de fora. Mesmo assim Rosiane conseguiu que o Muleiro carregasse sua bagagem nas costas, o que acabou ultrapassando o peso permitido. O espírito de equipe havia sido quebrado. Depois de uma discussão daquelas com ofensas e gritaria, eu, Cleusa, Wally e Chen, subimos com as mochilas cargueiras com ±8kgs, nem tão pesada assim, Rosiane de mochila de ataque, William acabou levando uma das cargueiras, pois não conseguiu colocar na mula.

3o.dia - Confluencia
Fomos ao médico e ele explicou que a água de lá tinha muito magnésio e isso causa reações em algumas pessoas como gases e desinteria. Chen ainda estava com a saturação de oxigênio um pouco baixa e Wally também, eu estava me recuperando da noite anterior, assim, resolvemos ficar em Confluencia mais um dia para melhor aclimatação do grupo. Foi ótimo descansar, aproveitamos para lavar roupa, colocar as anotações em dia e bater papo. A terra é muito fina, suja tudo. O sol de rachar, protetor de sol direto, mesmo assim não vence. Até banho eu tomei, por conta da mangueira que é longa, o sol batia e esquentava a água. Improvisei um chuveiro de mangueira no banheiro e assim passamos o dia "nos aclimatando". Teve até seção de shiatsu e massagem.
4o.dia - de Confluencia a Plaza de Mulas
As mulas passaram cedo em Confluencia para pegar o restante do peso, conforme combinado.
Com a experiência de Wally, ele marcou com Hugo em Penitentes para as mulas saírem no dia em que caminharíamos de Confluencia para Plaza de Mulas. O combinado era que deixaria espaço de 1/2 mula (30 kgs) para as barracas, sacos de dormir e uma panela ou outra de todos, aliviando um pouco do nosso peso na longa caminhada. Mas, além disso, Rosiane e William queriam despachar também suas mochilas para subir com menos peso até Plaza, afinal, quem não queria? Não havia espaço suficiente na mula, até o meu saco de dormir (2 kg) quase fica de fora. Mesmo assim Rosiane conseguiu que o Muleiro carregasse sua bagagem nas costas, o que acabou ultrapassando o peso permitido. O espírito de equipe havia sido quebrado. Depois de uma discussão daquelas com ofensas e gritaria, eu, Cleusa, Wally e Chen, subimos com as mochilas cargueiras com ±8kgs, nem tão pesada assim, Rosiane de mochila de ataque, William acabou levando uma das cargueiras, pois não conseguiu colocar na mula.

4o.dia - de Confluencia a Plaza de Mulas
As mulas passaram cedo em Confluencia para pegar o restante do peso, conforme combinado.
Com a experiência de Wally, ele marcou com Hugo em Penitentes para as mulas saírem no dia em que caminharíamos de Confluencia para Plaza de Mulas. O combinado era que deixaria espaço de 1/2 mula (30 kgs) para as barracas, sacos de dormir e uma panela ou outra de todos, aliviando um pouco do nosso peso na longa caminhada. Mas, além disso, Rosiane e William queriam despachar também suas mochilas para subir com menos peso até Plaza, afinal, quem não queria? Não havia espaço suficiente na mula, até o meu saco de dormir (2 kg) quase fica de fora. Mesmo assim Rosiane conseguiu que o Muleiro carregasse sua bagagem nas costas, o que acabou ultrapassando o peso permitido. O espírito de equipe havia sido quebrado. Depois de uma discussão daquelas com ofensas e gritaria, eu, Cleusa, Wally e Chen, subimos com as mochilas cargueiras com ±8kgs, nem tão pesada assim, Rosiane de mochila de ataque, William acabou levando uma das cargueiras, pois não conseguiu colocar na mula.
A caminhada é longa, saímos de Confluencia às 9:00h. Logo no começo entramos no primeiro vale lindíssimo com as montanhas gigantes nos cercando. Paramos para almoçar onde conhecemos um senhor canadense que levava parte de suas coisas até Ibanez. Ainda voltaria para Confluencia para uma outra leva no dia seguinte. Wally perguntou a idade dele: 62 anos semana que vem, respondeu com sua voz rouca.
A passagem na Playa Ancha é sempre à direita, muitas vezes beirando o rio. Se começar a atravessar rio, terá uma hora que molhar os pés, pois eles ficam bastante largos. Em Ibañez há uma placa que indica 4 horas para Plaza de Mulas. A essa altura Chen começa a dar sinais de cansaço. Distribuimos o peso dele e fomos bem devagar. Perto do Refugio antigo de Mulas o sol se pôs e comecei a sentir frio, resolvi subir Costa Brava com a Cleusa a frente, Wally acompanhou Chen. Depois de tanto recebermos avisos de Costa Brava, já fui vacinada e não sofri tanto. Sofri foi quando chegamos lá em cima e vi que ainda tinha um chão para Plaza de Mulas, um descidão, o rio pra atravessar e outro subidão. Ainda bem que atravessamos o rio no finalzinho de luz. Depois só com lanternas. Nem sabíamos se estávamos no caminho correto, mas continuamos na trilha. Cleusa estava a frente, eu já estava bem cansada. Quando ela falou: estou vendo um monte de luzinhas...ah! Chegamos! Entramos no posto dos Guarda Parques já eram umas 22:00hs, avisamos dos 2, eles prontamente se vestiram e foram atrás deles. O médico nos examinou, mediu nossa saturação, estávamos bem. Wally e Chen chegam certo tempo depois, os guardaparques os alcançaram quando atravessavam o rio.
2 argentinos que haviam descido de Berlim, nos acompanharam até o Refugio, ainda deu mais uns 40 minutos até lá. Varias pessoas nos esperavam no Refugio, guardaparques, a médica, devia ser entre onze horas e meia noite. Fomos para a sala onde deixaram o aquecedor ligado para nós. Comemos e tomamos chá, depois fomos para os quartos, um gelo. Os cobertores não conseguem segurar o calor do corpo, só com o saco de dormir. O pernoite no Refugio custa US$24,00 com café da manhã. Chen passou mal durante a noite, Cleusa e Wally cuidaram dele a noite inteira.
5o.dia - Plaza de Mulas
Dia de descanso. Acordamos por causa do horário limite do café da manhã: 10:00h. Entre chás, café, leite, bolachas, pães e alfajores passamos a manhã. Chen ainda estava fraco e de vez em quando tossia, Wally acabou chamando o médico para ver o estado dele. Ficamos de bate papo durante o dia e recebemos visitas: Naka e Miriam. Eles haviam chegado em Plaza de Mulas no dia anterior e planejavam subir no dia seguinte para Plaza Canada. Miriam estava apreensiva, mas ela estava com uma boa aclimatação e incentivamos. Os médicos chegaram e examinaram Chen. Escutavam o peito dele com o estetoscópio e passavam um ao outro para confirmar o que estavam ouvindo. Depois de examiná-lo com cautela, a médica passou o laudo para Chen:
- Você está com o pulmão direito quase todo e o pulmão esquerdo na parte inferior com líquidos. Você terá que baixar de helicóptero imediatamente. Quando baixar de altitude, o corpo drena os líquidos automaticamente.
- Posso esperar melhorar e voltar novamente?
- Não, o Aconcagua acabou pra você dessa vez.
...
Chen não apenas estava cansado, estava com edema pulmonar. Não havia escolha, não havia outra saída, se não baixar. Wally e Cleusa arrumaram uma mochila pequena e ficamos esperando o helicóptero chegar ainda assimilando o que estava acontecendo. Os guarda parques trouxeram o cilindro de oxigênio e colocaram o tubo em Chen. Pelo radio escutávamos de uma outra pessoa que precisava de resgate descendo de Berlim. Parece que conseguiram desceram a pessoa para Nido de Condores onde há um posto da polícia de montanha. Como o helicóptero só chegaria umas 7 horas, fui com Wally montar a barraca lá fora. Dá para acampar do lado de fora e utilizar as dependências do Refúgio: sala com aquecedor, banheiro e "comedouro dos pobres" por US$3,00/dia. Chegando perto do horário, fomos esperar a última hora na casa dos guarda parques, com muita conversa e cantoria. Descobrimos que as novelas brasileiras fazem muito sucesso entre os argentinos, a médica não deixou de lembrar do Gianechini. Um dos guarda parques mostrou seus dotes artísticos de cantor e compositor com o violão e do nosso lado Wally não ficou pra trás e cantou a música que fez em homenagem a sua filha: Maria Antônia. Escutamos o barulho do helicóptero se aproximando, tempo curto para despedidas, Chen foi levado carregado pelos ombros pelos guarda parques. Todos nós sentimos muito, era o nosso amigo indo embora da montanha.

6o.dia - Plaza de Mulas
Em recuperação, acordamos tarde e demoramos a pensar o que iríamos fazer aquele dia. Resolvemos caminhar um pouco para acostumar a andar com as botas duplas. Fomos na direção do Cerro Bonete, trilha que começa pelo lado esquerdo do Cerro Catedral. Cleusa estava com muita dificuldade de adaptação com as botas alugadas, apesar de serem novinhas. Wally orientava na pisada, as botas plásticas não dobram, são rígidas e com isso modifica o jeito de caminhar. O peso das botas então dobram em relação ao peso das botas normais, no mínimo. Com dificuldade fomos caminhando, atravessando penitentes e curtindo o visual. Esse dia quase não ventou e não formou uma nuvem se quer.
Voltamos para o Refugio e começamos a pensar nos próximos dias. O emocional de todos ainda estava bem abalado com a partida de Chen, eu na intenção de preparar o dia seguinte, acabei forçando a barra com Cleusa, tentei apressar a arrumação e nos desentendemos. Wally que não havia se recuperado emocionalmente da partida do amigo, não acreditava no que via...

7o.dia - Plaza de Mulas
Logo cedo conversei com Cleusa e nos entendemos novamente. A altitude e o desgaste tanto físico como psicológico realmente afetam o emocional das pessoas. Devagar fomos recuperando nossa boa convivência. Wally por sua vez não estava conseguindo se recompor. Sua aclimatação também não estava tão boa quanto das outras vezes que esteve lá. Essa era a 4a. vez que estava no Refugio. Fomos a Plaza de Mulas para verificar pressão e o percentual de oxigênio no sangue. Numericamente estava tudo bem. Encontramos com Miriam, quase não a reconhecemos com balaclava, óculos escuros e casaco de pluma parecia mais um árabe baixinho entre as barracas do Campo Base. Ela contou que subiu para Plaza Canada no dia anterior, sentiu fortes dores de cabeça e desceu com Naka. Eles planejavam dormir em Canada, levaram todas as bagagens para cima. Naquele dia Naka havia subido novamente para Canada para buscar os equipamentos dela e voltaria para Plaza de Mulas, pois Miriam voltaria para Horcones no dia seguinte.
Resolvemos andar um pouco para conhecer o caminho. A subida é simples com pedras soltas o tempo inteiro. Passamos por uma garganta e o chamado "semáforo". Subimos mais um pouco até as Pedras Conway. Fizemos um lanche e acompanhamos o movimento constante de pessoas subindo e descendo. Subindo vagarosamente, descendo deslizando e esquiando com as botas. Descemos até Plaza de Mulas, encontramos com Naka e Miriam e conhecemos Marcio.
Marcio é de Valinhos e veio sem mulas. Ele fez o porteio e combinou com Naka de subir para Canada no dia seguinte.
Após o dia de reflexão, Wally resolveu baixar. Arranjou a mula com Eduardo do Refugio, ele e Miriam seriam os próximos a deixar a montanha...

8o.dia - Porteio para Plaza Canadá
Wally arrumou as coisas logo cedo. As nossas já estavam arrumadas no dia anterior. Esperamos a mula de Wally ser carregada e assim nos despedimos entre mais uma sessão de choro e lágrimas. Agora estávamos eu e Cleusa.
Nos preparamos para o porteio. Não chegamos a pesar as mochilas, mas devia estar com uns 18 kgs. Saímos do Refugio 11:00hs, chegamos em Plaza Canadá umas 15:00hs. Fomos muito bem, considerando o peso e a altitude estávamos na média prevista de tempo de caminhada. A subida se dá em diversos zigue e zagues que se cruzam pelo caminho. Passamos pelo Semáforo, Pedras Conway, e no final a subida fica mais íngreme. Chegando em Plaza Canada encontramos com Naka e Marcio já com suas barracas armadas e tomando um sol. Deixamos nossas coisas no saco de bagagem da Cleusa, batemos um papo e descemos. O que leva 4 horas para subir, demorou 1 e 1/2 hora para descer. Para uma despedida do aconchego do Refugio, rachamos uma pizza. Apesar de não comer alguma coisa decente já a alguns dias, a fome não é muita e ela demorou a ser ingerida. Conhecemos Ezio Molina, um senhor brasileiro que fala com sotaque italiano. Era a 5a.vez que tentava o cume da montanha. Já esteve outras vezes com o filho dele. Estava usando uma nova estratégia de aclimatação e aproximação. O dia do ataque ele iria partir de Independência, o último refugio a 6500m.

9o.dia - de Plaza de Mulas a Plaza Canadá
Desarmamos a barraca e tomamos o café da manhã no frio do comedor. Pesamos as mochilas: 22kgs da Cleusa, 23kgs a minha. O senhor Ezio não acreditava no peso que estávamos carregando, pra falar a verdade, nem eu. Ele falava:

5o.dia - Plaza de Mulas
Dia de descanso. Acordamos por causa do horário limite do café da manhã: 10:00h. Entre chás, café, leite, bolachas, pães e alfajores passamos a manhã. Chen ainda estava fraco e de vez em quando tossia, Wally acabou chamando o médico para ver o estado dele. Ficamos de bate papo durante o dia e recebemos visitas: Naka e Miriam. Eles haviam chegado em Plaza de Mulas no dia anterior e planejavam subir no dia seguinte para Plaza Canada. Miriam estava apreensiva, mas ela estava com uma boa aclimatação e incentivamos. Os médicos chegaram e examinaram Chen. Escutavam o peito dele com o estetoscópio e passavam um ao outro para confirmar o que estavam ouvindo. Depois de examiná-lo com cautela, a médica passou o laudo para Chen:
- Você está com o pulmão direito quase todo e o pulmão esquerdo na parte inferior com líquidos. Você terá que baixar de helicóptero imediatamente. Quando baixar de altitude, o corpo drena os líquidos automaticamente.
- Posso esperar melhorar e voltar novamente?
- Não, o Aconcagua acabou pra você dessa vez.
...
Chen não apenas estava cansado, estava com edema pulmonar. Não havia escolha, não havia outra saída, se não baixar. Wally e Cleusa arrumaram uma mochila pequena e ficamos esperando o helicóptero chegar ainda assimilando o que estava acontecendo. Os guarda parques trouxeram o cilindro de oxigênio e colocaram o tubo em Chen. Pelo radio escutávamos de uma outra pessoa que precisava de resgate descendo de Berlim. Parece que conseguiram desceram a pessoa para Nido de Condores onde há um posto da polícia de montanha. Como o helicóptero só chegaria umas 7 horas, fui com Wally montar a barraca lá fora. Dá para acampar do lado de fora e utilizar as dependências do Refúgio: sala com aquecedor, banheiro e "comedouro dos pobres" por US$3,00/dia. Chegando perto do horário, fomos esperar a última hora na casa dos guarda parques, com muita conversa e cantoria. Descobrimos que as novelas brasileiras fazem muito sucesso entre os argentinos, a médica não deixou de lembrar do Gianechini. Um dos guarda parques mostrou seus dotes artísticos de cantor e compositor com o violão e do nosso lado Wally não ficou pra trás e cantou a música que fez em homenagem a sua filha: Maria Antônia. Escutamos o barulho do helicóptero se aproximando, tempo curto para despedidas, Chen foi levado carregado pelos ombros pelos guarda parques. Todos nós sentimos muito, era o nosso amigo indo embora da montanha.
6o.dia - Plaza de Mulas
Em recuperação, acordamos tarde e demoramos a pensar o que iríamos fazer aquele dia. Resolvemos caminhar um pouco para acostumar a andar com as botas duplas. Fomos na direção do Cerro Bonete, trilha que começa pelo lado esquerdo do Cerro Catedral. Cleusa estava com muita dificuldade de adaptação com as botas alugadas, apesar de serem novinhas. Wally orientava na pisada, as botas plásticas não dobram, são rígidas e com isso modifica o jeito de caminhar. O peso das botas então dobram em relação ao peso das botas normais, no mínimo. Com dificuldade fomos caminhando, atravessando penitentes e curtindo o visual. Esse dia quase não ventou e não formou uma nuvem se quer.
Voltamos para o Refugio e começamos a pensar nos próximos dias. O emocional de todos ainda estava bem abalado com a partida de Chen, eu na intenção de preparar o dia seguinte, acabei forçando a barra com Cleusa, tentei apressar a arrumação e nos desentendemos. Wally que não havia se recuperado emocionalmente da partida do amigo, não acreditava no que via...

7o.dia - Plaza de Mulas
Logo cedo conversei com Cleusa e nos entendemos novamente. A altitude e o desgaste tanto físico como psicológico realmente afetam o emocional das pessoas. Devagar fomos recuperando nossa boa convivência. Wally por sua vez não estava conseguindo se recompor. Sua aclimatação também não estava tão boa quanto das outras vezes que esteve lá. Essa era a 4a. vez que estava no Refugio. Fomos a Plaza de Mulas para verificar pressão e o percentual de oxigênio no sangue. Numericamente estava tudo bem. Encontramos com Miriam, quase não a reconhecemos com balaclava, óculos escuros e casaco de pluma parecia mais um árabe baixinho entre as barracas do Campo Base. Ela contou que subiu para Plaza Canada no dia anterior, sentiu fortes dores de cabeça e desceu com Naka. Eles planejavam dormir em Canada, levaram todas as bagagens para cima. Naquele dia Naka havia subido novamente para Canada para buscar os equipamentos dela e voltaria para Plaza de Mulas, pois Miriam voltaria para Horcones no dia seguinte.
Resolvemos andar um pouco para conhecer o caminho. A subida é simples com pedras soltas o tempo inteiro. Passamos por uma garganta e o chamado "semáforo". Subimos mais um pouco até as Pedras Conway. Fizemos um lanche e acompanhamos o movimento constante de pessoas subindo e descendo. Subindo vagarosamente, descendo deslizando e esquiando com as botas. Descemos até Plaza de Mulas, encontramos com Naka e Miriam e conhecemos Marcio.
Marcio é de Valinhos e veio sem mulas. Ele fez o porteio e combinou com Naka de subir para Canada no dia seguinte.
Após o dia de reflexão, Wally resolveu baixar. Arranjou a mula com Eduardo do Refugio, ele e Miriam seriam os próximos a deixar a montanha...

8o.dia - Porteio para Plaza Canadá
Wally arrumou as coisas logo cedo. As nossas já estavam arrumadas no dia anterior. Esperamos a mula de Wally ser carregada e assim nos despedimos entre mais uma sessão de choro e lágrimas. Agora estávamos eu e Cleusa.
Nos preparamos para o porteio. Não chegamos a pesar as mochilas, mas devia estar com uns 18 kgs. Saímos do Refugio 11:00hs, chegamos em Plaza Canadá umas 15:00hs. Fomos muito bem, considerando o peso e a altitude estávamos na média prevista de tempo de caminhada. A subida se dá em diversos zigue e zagues que se cruzam pelo caminho. Passamos pelo Semáforo, Pedras Conway, e no final a subida fica mais íngreme. Chegando em Plaza Canada encontramos com Naka e Marcio já com suas barracas armadas e tomando um sol. Deixamos nossas coisas no saco de bagagem da Cleusa, batemos um papo e descemos. O que leva 4 horas para subir, demorou 1 e 1/2 hora para descer. Para uma despedida do aconchego do Refugio, rachamos uma pizza. Apesar de não comer alguma coisa decente já a alguns dias, a fome não é muita e ela demorou a ser ingerida. Conhecemos Ezio Molina, um senhor brasileiro que fala com sotaque italiano. Era a 5a.vez que tentava o cume da montanha. Já esteve outras vezes com o filho dele. Estava usando uma nova estratégia de aclimatação e aproximação. O dia do ataque ele iria partir de Independência, o último refugio a 6500m.

9o.dia - de Plaza de Mulas a Plaza Canadá
Desarmamos a barraca e tomamos o café da manhã no frio do comedor. Pesamos as mochilas: 22kgs da Cleusa, 23kgs a minha. O senhor Ezio não acreditava no peso que estávamos carregando, pra falar a verdade, nem eu. Ele falava:

6o.dia - Plaza de Mulas
Em recuperação, acordamos tarde e demoramos a pensar o que iríamos fazer aquele dia. Resolvemos caminhar um pouco para acostumar a andar com as botas duplas. Fomos na direção do Cerro Bonete, trilha que começa pelo lado esquerdo do Cerro Catedral. Cleusa estava com muita dificuldade de adaptação com as botas alugadas, apesar de serem novinhas. Wally orientava na pisada, as botas plásticas não dobram, são rígidas e com isso modifica o jeito de caminhar. O peso das botas então dobram em relação ao peso das botas normais, no mínimo. Com dificuldade fomos caminhando, atravessando penitentes e curtindo o visual. Esse dia quase não ventou e não formou uma nuvem se quer.
Voltamos para o Refugio e começamos a pensar nos próximos dias. O emocional de todos ainda estava bem abalado com a partida de Chen, eu na intenção de preparar o dia seguinte, acabei forçando a barra com Cleusa, tentei apressar a arrumação e nos desentendemos. Wally que não havia se recuperado emocionalmente da partida do amigo, não acreditava no que via...
7o.dia - Plaza de Mulas
Logo cedo conversei com Cleusa e nos entendemos novamente. A altitude e o desgaste tanto físico como psicológico realmente afetam o emocional das pessoas. Devagar fomos recuperando nossa boa convivência. Wally por sua vez não estava conseguindo se recompor. Sua aclimatação também não estava tão boa quanto das outras vezes que esteve lá. Essa era a 4a. vez que estava no Refugio. Fomos a Plaza de Mulas para verificar pressão e o percentual de oxigênio no sangue. Numericamente estava tudo bem. Encontramos com Miriam, quase não a reconhecemos com balaclava, óculos escuros e casaco de pluma parecia mais um árabe baixinho entre as barracas do Campo Base. Ela contou que subiu para Plaza Canada no dia anterior, sentiu fortes dores de cabeça e desceu com Naka. Eles planejavam dormir em Canada, levaram todas as bagagens para cima. Naquele dia Naka havia subido novamente para Canada para buscar os equipamentos dela e voltaria para Plaza de Mulas, pois Miriam voltaria para Horcones no dia seguinte.
Resolvemos andar um pouco para conhecer o caminho. A subida é simples com pedras soltas o tempo inteiro. Passamos por uma garganta e o chamado "semáforo". Subimos mais um pouco até as Pedras Conway. Fizemos um lanche e acompanhamos o movimento constante de pessoas subindo e descendo. Subindo vagarosamente, descendo deslizando e esquiando com as botas. Descemos até Plaza de Mulas, encontramos com Naka e Miriam e conhecemos Marcio.
Marcio é de Valinhos e veio sem mulas. Ele fez o porteio e combinou com Naka de subir para Canada no dia seguinte.
Após o dia de reflexão, Wally resolveu baixar. Arranjou a mula com Eduardo do Refugio, ele e Miriam seriam os próximos a deixar a montanha...

8o.dia - Porteio para Plaza Canadá
Wally arrumou as coisas logo cedo. As nossas já estavam arrumadas no dia anterior. Esperamos a mula de Wally ser carregada e assim nos despedimos entre mais uma sessão de choro e lágrimas. Agora estávamos eu e Cleusa.
Nos preparamos para o porteio. Não chegamos a pesar as mochilas, mas devia estar com uns 18 kgs. Saímos do Refugio 11:00hs, chegamos em Plaza Canadá umas 15:00hs. Fomos muito bem, considerando o peso e a altitude estávamos na média prevista de tempo de caminhada. A subida se dá em diversos zigue e zagues que se cruzam pelo caminho. Passamos pelo Semáforo, Pedras Conway, e no final a subida fica mais íngreme. Chegando em Plaza Canada encontramos com Naka e Marcio já com suas barracas armadas e tomando um sol. Deixamos nossas coisas no saco de bagagem da Cleusa, batemos um papo e descemos. O que leva 4 horas para subir, demorou 1 e 1/2 hora para descer. Para uma despedida do aconchego do Refugio, rachamos uma pizza. Apesar de não comer alguma coisa decente já a alguns dias, a fome não é muita e ela demorou a ser ingerida. Conhecemos Ezio Molina, um senhor brasileiro que fala com sotaque italiano. Era a 5a.vez que tentava o cume da montanha. Já esteve outras vezes com o filho dele. Estava usando uma nova estratégia de aclimatação e aproximação. O dia do ataque ele iria partir de Independência, o último refugio a 6500m.

9o.dia - de Plaza de Mulas a Plaza Canadá
Desarmamos a barraca e tomamos o café da manhã no frio do comedor. Pesamos as mochilas: 22kgs da Cleusa, 23kgs a minha. O senhor Ezio não acreditava no peso que estávamos carregando, pra falar a verdade, nem eu. Ele falava:

7o.dia - Plaza de Mulas
Logo cedo conversei com Cleusa e nos entendemos novamente. A altitude e o desgaste tanto físico como psicológico realmente afetam o emocional das pessoas. Devagar fomos recuperando nossa boa convivência. Wally por sua vez não estava conseguindo se recompor. Sua aclimatação também não estava tão boa quanto das outras vezes que esteve lá. Essa era a 4a. vez que estava no Refugio. Fomos a Plaza de Mulas para verificar pressão e o percentual de oxigênio no sangue. Numericamente estava tudo bem. Encontramos com Miriam, quase não a reconhecemos com balaclava, óculos escuros e casaco de pluma parecia mais um árabe baixinho entre as barracas do Campo Base. Ela contou que subiu para Plaza Canada no dia anterior, sentiu fortes dores de cabeça e desceu com Naka. Eles planejavam dormir em Canada, levaram todas as bagagens para cima. Naquele dia Naka havia subido novamente para Canada para buscar os equipamentos dela e voltaria para Plaza de Mulas, pois Miriam voltaria para Horcones no dia seguinte.
Resolvemos andar um pouco para conhecer o caminho. A subida é simples com pedras soltas o tempo inteiro. Passamos por uma garganta e o chamado "semáforo". Subimos mais um pouco até as Pedras Conway. Fizemos um lanche e acompanhamos o movimento constante de pessoas subindo e descendo. Subindo vagarosamente, descendo deslizando e esquiando com as botas. Descemos até Plaza de Mulas, encontramos com Naka e Miriam e conhecemos Marcio.
Marcio é de Valinhos e veio sem mulas. Ele fez o porteio e combinou com Naka de subir para Canada no dia seguinte.
Após o dia de reflexão, Wally resolveu baixar. Arranjou a mula com Eduardo do Refugio, ele e Miriam seriam os próximos a deixar a montanha...
8o.dia - Porteio para Plaza Canadá
Wally arrumou as coisas logo cedo. As nossas já estavam arrumadas no dia anterior. Esperamos a mula de Wally ser carregada e assim nos despedimos entre mais uma sessão de choro e lágrimas. Agora estávamos eu e Cleusa.
Nos preparamos para o porteio. Não chegamos a pesar as mochilas, mas devia estar com uns 18 kgs. Saímos do Refugio 11:00hs, chegamos em Plaza Canadá umas 15:00hs. Fomos muito bem, considerando o peso e a altitude estávamos na média prevista de tempo de caminhada. A subida se dá em diversos zigue e zagues que se cruzam pelo caminho. Passamos pelo Semáforo, Pedras Conway, e no final a subida fica mais íngreme. Chegando em Plaza Canada encontramos com Naka e Marcio já com suas barracas armadas e tomando um sol. Deixamos nossas coisas no saco de bagagem da Cleusa, batemos um papo e descemos. O que leva 4 horas para subir, demorou 1 e 1/2 hora para descer. Para uma despedida do aconchego do Refugio, rachamos uma pizza. Apesar de não comer alguma coisa decente já a alguns dias, a fome não é muita e ela demorou a ser ingerida. Conhecemos Ezio Molina, um senhor brasileiro que fala com sotaque italiano. Era a 5a.vez que tentava o cume da montanha. Já esteve outras vezes com o filho dele. Estava usando uma nova estratégia de aclimatação e aproximação. O dia do ataque ele iria partir de Independência, o último refugio a 6500m.

9o.dia - de Plaza de Mulas a Plaza Canadá
Desarmamos a barraca e tomamos o café da manhã no frio do comedor. Pesamos as mochilas: 22kgs da Cleusa, 23kgs a minha. O senhor Ezio não acreditava no peso que estávamos carregando, pra falar a verdade, nem eu. Ele falava:

8o.dia - Porteio para Plaza Canadá
Wally arrumou as coisas logo cedo. As nossas já estavam arrumadas no dia anterior. Esperamos a mula de Wally ser carregada e assim nos despedimos entre mais uma sessão de choro e lágrimas. Agora estávamos eu e Cleusa.
Nos preparamos para o porteio. Não chegamos a pesar as mochilas, mas devia estar com uns 18 kgs. Saímos do Refugio 11:00hs, chegamos em Plaza Canadá umas 15:00hs. Fomos muito bem, considerando o peso e a altitude estávamos na média prevista de tempo de caminhada. A subida se dá em diversos zigue e zagues que se cruzam pelo caminho. Passamos pelo Semáforo, Pedras Conway, e no final a subida fica mais íngreme. Chegando em Plaza Canada encontramos com Naka e Marcio já com suas barracas armadas e tomando um sol. Deixamos nossas coisas no saco de bagagem da Cleusa, batemos um papo e descemos. O que leva 4 horas para subir, demorou 1 e 1/2 hora para descer. Para uma despedida do aconchego do Refugio, rachamos uma pizza. Apesar de não comer alguma coisa decente já a alguns dias, a fome não é muita e ela demorou a ser ingerida. Conhecemos Ezio Molina, um senhor brasileiro que fala com sotaque italiano. Era a 5a.vez que tentava o cume da montanha. Já esteve outras vezes com o filho dele. Estava usando uma nova estratégia de aclimatação e aproximação. O dia do ataque ele iria partir de Independência, o último refugio a 6500m.
9o.dia - de Plaza de Mulas a Plaza Canadá
Desarmamos a barraca e tomamos o café da manhã no frio do comedor. Pesamos as mochilas: 22kgs da Cleusa, 23kgs a minha. O senhor Ezio não acreditava no peso que estávamos carregando, pra falar a verdade, nem eu. Ele falava:

9o.dia - de Plaza de Mulas a Plaza Canadá
Desarmamos a barraca e tomamos o café da manhã no frio do comedor. Pesamos as mochilas: 22kgs da Cleusa, 23kgs a minha. O senhor Ezio não acreditava no peso que estávamos carregando, pra falar a verdade, nem eu. Ele falava:
10o.dia - de Plaza de Canada a Nido de Condores
Acordar, dor de cabeça, tomar água, café da manhã, arrumar a barraca e a mochila. Essa seria a nossa nova rotina. De acordo com a previsão do tempo, havia uma janela de tempo bom e pouco vento no Natal, dia 25. Resolvemos tentar e assim teríamos que levar toda a nossa bagagem de uma vez para Nido. Fizemos uma economia de comida e equipamento e separamos o indispensável para os próximos dias. Conseguimos empacotar tudo na mochila, estava pesada, mas não teríamos que voltar. Combinamos com Marcio de usar nós 3 a barraca hotel do Chen. Como ele levou parte do seu equipamento no dia anterior, nos ajudou e levou a barraca que pesa 5 quilos. Saímos de Canada às 12:00h e chegamos às 16:15h em Nido. Parte da subida é visível de Canadá, uma diagonal até Cambio de Pendiente. Lá, a subida fica um pouco mais íngreme, depois um zigue e zague mais ameno em direção ao colo de Nido.
A vista de Nido é muito bonita, com o vale de Plaza de Mulas de um lado e a Cordilheira dos Andes do outro. O Cordon del Plata fica do lado direito com suas montanhas: Cerro Plata, Negro, Vallecitos...
Quando chegamos Marcio já tinha armado a barraca, ao lado de Naka. Nos acomodamos, Cleusa sentia um pouco da altitude quando chegávamos nos acampamentos, tinha dores de cabeça. Naka também não estava bem, medimos a saturação de oxigênio, estava em torno de 60%. A nossa estava em torno dos 77%, Marcio era o que tinha a leitura sempre um pouco mais alta. Pegar gelo, derreter para fazer água e esperar... demora para derreter... usamos o fogareiro de cartucho mistura propano butano. Em média ia 1 cartucho por pessoa por dia. Comemos a comida liofilizada com muita má vontade, a vontade não era muita e o gosto também não ajudava. Naka não conseguiu comer.
O por do sol em Nido é fantástico. As rochas ficam vermelhas, o céu uma mistura de rosa e lilás, mas tudo com frio, muito frio. Tirar fotos já é um sacrifício, depois de algumas clicadas, o sol baixou e já entramos no aconchego da barraca. No meio da noite acordei e percebi que não consegui ficar sem ir ao banheiro. Esse sentimento é horrível ainda mais com uma temperatura perto dos -10ºC fora da barraca. Saí irada, percebo que a luz na barraca do Naka não estava apagada...

11o.dia - de Nido de Condores a Berlim
Naka não dormiu a noite inteira, não passou bem e resolveu voltar. É engraçado como cada pessoa reage de uma forma a altitude, de acordo com o médico são muitos fatores que podem influenciar: alimentação, velocidade de subida, até genética. Ezio, o senhor que conhecemos no Refugio, falou também da influência do tipo de sangue. São tantos fatores que não há como prever.
Até acordar, arrumar as coisas sempre levava um tempo, quanto maior a altitude, maior o tempo. Saímos de Nido por volta das 14:00h com muita calma. Pasito a pasito fomos ganhando altitude. A vista dessa parte da caminhada é fantástica, de frente para a Cordilheira com seus picos nevados. Já estávamos muito mais alto que os picos ao redor. O ruim era comer alguma coisa no meio do caminho, tirar a luva nem pensar, as barrinhas congelavam, o tubo de água também. Não tenho certeza o tempo que levamos, umas 4 horas no mínimo. Chegamos na primeira parte do acampamento com dois refúgios de madeira cheios de neve até o teto. Ainda tínhamos que andar para o lado de cima do acampamento. A essa altura qualquer subida já era um sacrifício, mesmo sendo pequena e a última.
As barracas ficam armadas em torno do único refúgio habitável. Esse estava rodeado de lixo e ao lado de um lago que parecia formado de urina! O odor estava insuportável, ficamos abismadas com o que vimos. Seguimos com a nossa rotina de alta montanha: armar barraca, pegar gelo, derreter para fazer água. Mas dessa vez só tentamos comer algo. Fizemos um pacote de comida liofilizada e ninguém conseguiu comer até o final.
Perto das 8 horas começou a chegar as primeiras pessoas que havia feito o cume naquele dia. Rostos vermelhos queimados de sol, aparência de cansaço, exaustão total.
- It is very hard the mountain.
Foi o que escutamos.
Faz muito frio em Berlim, nem saímos para ver o por do sol. Ficamos na barraca preparando a mochila e discutindo que horas partiríamos para o ataque. Cleusa queria sair às 7:00h para não pegar muito frio, eu queria sair às 6:00h. Preparamos toda a água que levaríamos e deitamos. Foi à noite mais mal dormida de todas.

12o.dia - O ataque ao cume
Começamos a ver a movimentação das pessoas, começaram a sair às 6:00h. Saímos às 6:30h, fazia muito frio. Os dedos dos pés estavam congelados, mas falei para Cleusa para andar que ia esquentar. Comecei a andar com luvas, mas logo copiei Cleusa que estava de mitones e com esquenta mãos na ponta dos dedos. Botas plásticas, casaco de pluma, mitones, balaclava, googles, capuz, parecíamos astronautas caminhando. Lentamente seguíamos os passos dos grupos a nossa frente. O dia ia ser longo, geralmente as pessoas levam de 8 a 10 horas de Berlim ao cume. Comecei a passar mal, lembrei que tinha comido uma barrinha de proteína e talvez a digestão fosse mais lenta que carboidrato. Passamos por outro acampamento: Cólera e por volta das 10:30h chegamos em Independência, o último Refúgio, e finalmente um contato mais forte com o sol.
Fizemos uma grande pausa, comemos algo e bebemos água quente. Desceu um argentino que estava com um grupo, cansado, estava voltando para Berlim. Colocamos um esquenta mãos nos pés e partimos. Logo em cima de Independência o gelo predominava, hora de colocar os grampões nas botas. Passo a passo subimos e logo depois começamos a atravessar o Gran Acarreo. Cleusa começou a dar sinais de cansaço. Eu insistia pra ela continuar.
- Clê, condições físicas você tem para continuar...
- Mas eu não aguento mais, não aguento essa bota, não aguento essas luvas...
- Então me passa o relógio e o rádio
- Vou tentar mais um pouco
Mais dois passos...
- Eu vou voltar
- Se eu voltar com você, você volta comigo amanhã?
- Nem pensar. Tchau.
Olhei no relógio era 13:00h. Tinha que chegar na canaleta até as 14:00h e no cume até às 17:00h. Eram meus horários limites. Eduardo no Refugio havia me alertado que o horário limite seria de 16:00h, mas como os dias estavam mais largos, até 17:00h estava bom. Cleusa me disse:
- Juízo hein?
Apertei um pouco o passo, passei por um senhor que estava sentado, exausto. Esperava o grupo retornar.
Troquei algumas palavras com ele, eu disse:
- I’m late, I don't know if I have time to reach Canaleta on time.
- I don't think so.
Uma ova! Continuei caminhando cheguei aos pés da famosa canaleta, olhei no relógio: 14:00h! Lá alcancei William e Rosiane que faziam uma pausa. Um grupo de espanhóis tiravam fotos e perguntei a eles:
- Vocês vão continuar?
- Não, nem pensar, vamos voltar daqui.
Dei uma risadinha, apesar do cansaço estava contente comigo, estava melhor que aquele bando de marmanjões espanhóis barbados.

10o.dia - de Plaza de Canada a Nido de Condores
Acordar, dor de cabeça, tomar água, café da manhã, arrumar a barraca e a mochila. Essa seria a nossa nova rotina. De acordo com a previsão do tempo, havia uma janela de tempo bom e pouco vento no Natal, dia 25. Resolvemos tentar e assim teríamos que levar toda a nossa bagagem de uma vez para Nido. Fizemos uma economia de comida e equipamento e separamos o indispensável para os próximos dias. Conseguimos empacotar tudo na mochila, estava pesada, mas não teríamos que voltar. Combinamos com Marcio de usar nós 3 a barraca hotel do Chen. Como ele levou parte do seu equipamento no dia anterior, nos ajudou e levou a barraca que pesa 5 quilos. Saímos de Canada às 12:00h e chegamos às 16:15h em Nido. Parte da subida é visível de Canadá, uma diagonal até Cambio de Pendiente. Lá, a subida fica um pouco mais íngreme, depois um zigue e zague mais ameno em direção ao colo de Nido.
A vista de Nido é muito bonita, com o vale de Plaza de Mulas de um lado e a Cordilheira dos Andes do outro. O Cordon del Plata fica do lado direito com suas montanhas: Cerro Plata, Negro, Vallecitos...
Quando chegamos Marcio já tinha armado a barraca, ao lado de Naka. Nos acomodamos, Cleusa sentia um pouco da altitude quando chegávamos nos acampamentos, tinha dores de cabeça. Naka também não estava bem, medimos a saturação de oxigênio, estava em torno de 60%. A nossa estava em torno dos 77%, Marcio era o que tinha a leitura sempre um pouco mais alta. Pegar gelo, derreter para fazer água e esperar... demora para derreter... usamos o fogareiro de cartucho mistura propano butano. Em média ia 1 cartucho por pessoa por dia. Comemos a comida liofilizada com muita má vontade, a vontade não era muita e o gosto também não ajudava. Naka não conseguiu comer.
O por do sol em Nido é fantástico. As rochas ficam vermelhas, o céu uma mistura de rosa e lilás, mas tudo com frio, muito frio. Tirar fotos já é um sacrifício, depois de algumas clicadas, o sol baixou e já entramos no aconchego da barraca. No meio da noite acordei e percebi que não consegui ficar sem ir ao banheiro. Esse sentimento é horrível ainda mais com uma temperatura perto dos -10ºC fora da barraca. Saí irada, percebo que a luz na barraca do Naka não estava apagada...
11o.dia - de Nido de Condores a Berlim
Naka não dormiu a noite inteira, não passou bem e resolveu voltar. É engraçado como cada pessoa reage de uma forma a altitude, de acordo com o médico são muitos fatores que podem influenciar: alimentação, velocidade de subida, até genética. Ezio, o senhor que conhecemos no Refugio, falou também da influência do tipo de sangue. São tantos fatores que não há como prever.
Até acordar, arrumar as coisas sempre levava um tempo, quanto maior a altitude, maior o tempo. Saímos de Nido por volta das 14:00h com muita calma. Pasito a pasito fomos ganhando altitude. A vista dessa parte da caminhada é fantástica, de frente para a Cordilheira com seus picos nevados. Já estávamos muito mais alto que os picos ao redor. O ruim era comer alguma coisa no meio do caminho, tirar a luva nem pensar, as barrinhas congelavam, o tubo de água também. Não tenho certeza o tempo que levamos, umas 4 horas no mínimo. Chegamos na primeira parte do acampamento com dois refúgios de madeira cheios de neve até o teto. Ainda tínhamos que andar para o lado de cima do acampamento. A essa altura qualquer subida já era um sacrifício, mesmo sendo pequena e a última.
As barracas ficam armadas em torno do único refúgio habitável. Esse estava rodeado de lixo e ao lado de um lago que parecia formado de urina! O odor estava insuportável, ficamos abismadas com o que vimos. Seguimos com a nossa rotina de alta montanha: armar barraca, pegar gelo, derreter para fazer água. Mas dessa vez só tentamos comer algo. Fizemos um pacote de comida liofilizada e ninguém conseguiu comer até o final.
Perto das 8 horas começou a chegar as primeiras pessoas que havia feito o cume naquele dia. Rostos vermelhos queimados de sol, aparência de cansaço, exaustão total.
- It is very hard the mountain.
Foi o que escutamos.
Faz muito frio em Berlim, nem saímos para ver o por do sol. Ficamos na barraca preparando a mochila e discutindo que horas partiríamos para o ataque. Cleusa queria sair às 7:00h para não pegar muito frio, eu queria sair às 6:00h. Preparamos toda a água que levaríamos e deitamos. Foi à noite mais mal dormida de todas.

12o.dia - O ataque ao cume
Começamos a ver a movimentação das pessoas, começaram a sair às 6:00h. Saímos às 6:30h, fazia muito frio. Os dedos dos pés estavam congelados, mas falei para Cleusa para andar que ia esquentar. Comecei a andar com luvas, mas logo copiei Cleusa que estava de mitones e com esquenta mãos na ponta dos dedos. Botas plásticas, casaco de pluma, mitones, balaclava, googles, capuz, parecíamos astronautas caminhando. Lentamente seguíamos os passos dos grupos a nossa frente. O dia ia ser longo, geralmente as pessoas levam de 8 a 10 horas de Berlim ao cume. Comecei a passar mal, lembrei que tinha comido uma barrinha de proteína e talvez a digestão fosse mais lenta que carboidrato. Passamos por outro acampamento: Cólera e por volta das 10:30h chegamos em Independência, o último Refúgio, e finalmente um contato mais forte com o sol.
Fizemos uma grande pausa, comemos algo e bebemos água quente. Desceu um argentino que estava com um grupo, cansado, estava voltando para Berlim. Colocamos um esquenta mãos nos pés e partimos. Logo em cima de Independência o gelo predominava, hora de colocar os grampões nas botas. Passo a passo subimos e logo depois começamos a atravessar o Gran Acarreo. Cleusa começou a dar sinais de cansaço. Eu insistia pra ela continuar.
- Clê, condições físicas você tem para continuar...
- Mas eu não aguento mais, não aguento essa bota, não aguento essas luvas...
- Então me passa o relógio e o rádio
- Vou tentar mais um pouco
Mais dois passos...
- Eu vou voltar
- Se eu voltar com você, você volta comigo amanhã?
- Nem pensar. Tchau.
Olhei no relógio era 13:00h. Tinha que chegar na canaleta até as 14:00h e no cume até às 17:00h. Eram meus horários limites. Eduardo no Refugio havia me alertado que o horário limite seria de 16:00h, mas como os dias estavam mais largos, até 17:00h estava bom. Cleusa me disse:
- Juízo hein?
Apertei um pouco o passo, passei por um senhor que estava sentado, exausto. Esperava o grupo retornar.
Troquei algumas palavras com ele, eu disse:
- I’m late, I don't know if I have time to reach Canaleta on time.
- I don't think so.
Uma ova! Continuei caminhando cheguei aos pés da famosa canaleta, olhei no relógio: 14:00h! Lá alcancei William e Rosiane que faziam uma pausa. Um grupo de espanhóis tiravam fotos e perguntei a eles:
- Vocês vão continuar?
- Não, nem pensar, vamos voltar daqui.
Dei uma risadinha, apesar do cansaço estava contente comigo, estava melhor que aquele bando de marmanjões espanhóis barbados.

11o.dia - de Nido de Condores a Berlim
Naka não dormiu a noite inteira, não passou bem e resolveu voltar. É engraçado como cada pessoa reage de uma forma a altitude, de acordo com o médico são muitos fatores que podem influenciar: alimentação, velocidade de subida, até genética. Ezio, o senhor que conhecemos no Refugio, falou também da influência do tipo de sangue. São tantos fatores que não há como prever.
Até acordar, arrumar as coisas sempre levava um tempo, quanto maior a altitude, maior o tempo. Saímos de Nido por volta das 14:00h com muita calma. Pasito a pasito fomos ganhando altitude. A vista dessa parte da caminhada é fantástica, de frente para a Cordilheira com seus picos nevados. Já estávamos muito mais alto que os picos ao redor. O ruim era comer alguma coisa no meio do caminho, tirar a luva nem pensar, as barrinhas congelavam, o tubo de água também. Não tenho certeza o tempo que levamos, umas 4 horas no mínimo. Chegamos na primeira parte do acampamento com dois refúgios de madeira cheios de neve até o teto. Ainda tínhamos que andar para o lado de cima do acampamento. A essa altura qualquer subida já era um sacrifício, mesmo sendo pequena e a última.
As barracas ficam armadas em torno do único refúgio habitável. Esse estava rodeado de lixo e ao lado de um lago que parecia formado de urina! O odor estava insuportável, ficamos abismadas com o que vimos. Seguimos com a nossa rotina de alta montanha: armar barraca, pegar gelo, derreter para fazer água. Mas dessa vez só tentamos comer algo. Fizemos um pacote de comida liofilizada e ninguém conseguiu comer até o final.
Perto das 8 horas começou a chegar as primeiras pessoas que havia feito o cume naquele dia. Rostos vermelhos queimados de sol, aparência de cansaço, exaustão total.
- It is very hard the mountain.
Foi o que escutamos.
Faz muito frio em Berlim, nem saímos para ver o por do sol. Ficamos na barraca preparando a mochila e discutindo que horas partiríamos para o ataque. Cleusa queria sair às 7:00h para não pegar muito frio, eu queria sair às 6:00h. Preparamos toda a água que levaríamos e deitamos. Foi à noite mais mal dormida de todas.
12o.dia - O ataque ao cume
Começamos a ver a movimentação das pessoas, começaram a sair às 6:00h. Saímos às 6:30h, fazia muito frio. Os dedos dos pés estavam congelados, mas falei para Cleusa para andar que ia esquentar. Comecei a andar com luvas, mas logo copiei Cleusa que estava de mitones e com esquenta mãos na ponta dos dedos. Botas plásticas, casaco de pluma, mitones, balaclava, googles, capuz, parecíamos astronautas caminhando. Lentamente seguíamos os passos dos grupos a nossa frente. O dia ia ser longo, geralmente as pessoas levam de 8 a 10 horas de Berlim ao cume. Comecei a passar mal, lembrei que tinha comido uma barrinha de proteína e talvez a digestão fosse mais lenta que carboidrato. Passamos por outro acampamento: Cólera e por volta das 10:30h chegamos em Independência, o último Refúgio, e finalmente um contato mais forte com o sol.
Fizemos uma grande pausa, comemos algo e bebemos água quente. Desceu um argentino que estava com um grupo, cansado, estava voltando para Berlim. Colocamos um esquenta mãos nos pés e partimos. Logo em cima de Independência o gelo predominava, hora de colocar os grampões nas botas. Passo a passo subimos e logo depois começamos a atravessar o Gran Acarreo. Cleusa começou a dar sinais de cansaço. Eu insistia pra ela continuar.
- Clê, condições físicas você tem para continuar...
- Mas eu não aguento mais, não aguento essa bota, não aguento essas luvas...
- Então me passa o relógio e o rádio
- Vou tentar mais um pouco
Mais dois passos...
- Eu vou voltar
- Se eu voltar com você, você volta comigo amanhã?
- Nem pensar. Tchau.
Olhei no relógio era 13:00h. Tinha que chegar na canaleta até as 14:00h e no cume até às 17:00h. Eram meus horários limites. Eduardo no Refugio havia me alertado que o horário limite seria de 16:00h, mas como os dias estavam mais largos, até 17:00h estava bom. Cleusa me disse:
- Juízo hein?
Apertei um pouco o passo, passei por um senhor que estava sentado, exausto. Esperava o grupo retornar.
Troquei algumas palavras com ele, eu disse:
- I’m late, I don't know if I have time to reach Canaleta on time.
- I don't think so.
Uma ova! Continuei caminhando cheguei aos pés da famosa canaleta, olhei no relógio: 14:00h! Lá alcancei William e Rosiane que faziam uma pausa. Um grupo de espanhóis tiravam fotos e perguntei a eles:
- Vocês vão continuar?
- Não, nem pensar, vamos voltar daqui.
Dei uma risadinha, apesar do cansaço estava contente comigo, estava melhor que aquele bando de marmanjões espanhóis barbados.

12o.dia - O ataque ao cume
Começamos a ver a movimentação das pessoas, começaram a sair às 6:00h. Saímos às 6:30h, fazia muito frio. Os dedos dos pés estavam congelados, mas falei para Cleusa para andar que ia esquentar. Comecei a andar com luvas, mas logo copiei Cleusa que estava de mitones e com esquenta mãos na ponta dos dedos. Botas plásticas, casaco de pluma, mitones, balaclava, googles, capuz, parecíamos astronautas caminhando. Lentamente seguíamos os passos dos grupos a nossa frente. O dia ia ser longo, geralmente as pessoas levam de 8 a 10 horas de Berlim ao cume. Comecei a passar mal, lembrei que tinha comido uma barrinha de proteína e talvez a digestão fosse mais lenta que carboidrato. Passamos por outro acampamento: Cólera e por volta das 10:30h chegamos em Independência, o último Refúgio, e finalmente um contato mais forte com o sol.
Fizemos uma grande pausa, comemos algo e bebemos água quente. Desceu um argentino que estava com um grupo, cansado, estava voltando para Berlim. Colocamos um esquenta mãos nos pés e partimos. Logo em cima de Independência o gelo predominava, hora de colocar os grampões nas botas. Passo a passo subimos e logo depois começamos a atravessar o Gran Acarreo. Cleusa começou a dar sinais de cansaço. Eu insistia pra ela continuar.
- Clê, condições físicas você tem para continuar...
- Mas eu não aguento mais, não aguento essa bota, não aguento essas luvas...
- Então me passa o relógio e o rádio
- Vou tentar mais um pouco
Mais dois passos...
- Eu vou voltar
- Se eu voltar com você, você volta comigo amanhã?
- Nem pensar. Tchau.
Olhei no relógio era 13:00h. Tinha que chegar na canaleta até as 14:00h e no cume até às 17:00h. Eram meus horários limites. Eduardo no Refugio havia me alertado que o horário limite seria de 16:00h, mas como os dias estavam mais largos, até 17:00h estava bom. Cleusa me disse:
- Juízo hein?
Apertei um pouco o passo, passei por um senhor que estava sentado, exausto. Esperava o grupo retornar. Troquei algumas palavras com ele, eu disse:
- I’m late, I don't know if I have time to reach Canaleta on time.
- I don't think so.
- I’m late, I don't know if I have time to reach Canaleta on time.
- I don't think so.
Uma ova! Continuei caminhando cheguei aos pés da famosa canaleta, olhei no relógio: 14:00h! Lá alcancei William e Rosiane que faziam uma pausa. Um grupo de espanhóis tiravam fotos e perguntei a eles:
- Vocês vão continuar?
- Não, nem pensar, vamos voltar daqui.
Dei uma risadinha, apesar do cansaço estava contente comigo, estava melhor que aquele bando de marmanjões espanhóis barbados.
A canaleta é uma rampa, com passagem pelo lado direito, uma mistura de neve e rocha. O tempo começou a fechar. Cruzava com as pessoas já descendo aos tropeços. Olhava para cima e ainda via pessoas subindo, mas longe. No meio da canaleta o desespero começou a bater, o sofrimento tomou conta dos pensamentos, sentia vontade de chorar. Cruzei com o Marcio que voltava do cume, soltei as primeiras lágrimas, me deu um abraço e falou que o cume era ali em cima.
- Mais uma hora você está lá, virando aquelas pedras tem só uma subidinha pra se emocionar, como eu me emocionei.
Chorando e andando, olhava de longe as pequenas pessoas chegando perto do cume numa diagonal um pouco mais amena para a esquerda. Cruzei com a dupla de americanos no final da canaleta:
- Don't give up! Don't give up!
Já não sabia quem eu era mais, nem o que pensar, olhava para a direção e só sabia que tinha que continuar. Rosiane seguida por William que estavam a minha frente gritou: é aqui! Passei pelas rochas finais fazendo uma curva para dentro e para cima da montanha e logo avistei a cruz!
Sentei e comecei a chorar muito, o sofrimento havia acabado, não teria mais que subir, acabou. Chorava mais de alívio do que qualquer outra coisa. Olhei no relógio: 16:50h.
O cume é um platô considerável, mas eu não saí do lado da cruz. Não conseguia ver nada, as nuvens dominavam o topo. Depois de me recompor, tirei algumas fotos, falei com Eduardo no Refugio, me deu os parabéns e me pediu para ligar quando chegasse em Berlim. Essa última parte eu não consegui captar.
Ficamos uma meia hora lá em cima pra depois: descer.
Mais tarde lembrei da piada do alpinista, ele sobe, sobe, sobe, chega lá em cima e depois o que ele faz? Desce!
E o pior! Não tinha conseguido ver nada do cume!
A descida foi outro inferno, estávamos todos muito cansados, exaustos. Lembro de ter tirado os meus grampões achando que ia ser mais fácil descer sem naquela mistura de neve e rocha. Para quê? Em uma descida escorreguei uns 10 metros e não conseguia parar. Quando me vi estava de barriga para baixo com as rochas arranhando meu umbigo. Tomei um susto daqueles. Fiquei uns minutos para me movimentar de novo uma vez que me mexia caía mais. Virei-me, coloquei meus grampões novamente nas botas e desci com mais segurança, porém aos tropeços, pois estava muito cansada. Alcançamos os americanos e descemos todos juntos, os cinco. Tropeçando, escorregando, nos arrastando caminho abaixo. Conforme descíamos, a sensação ruim ia melhorando. Passamos por Cólera já escurecendo e vimos um acampamento lá em baixo. Vi que William discutia com Rosi e falavam que não era o nosso acampamento. Realmente não era, era Piedras Blancas onde os americanos estavam acampados. Disseram que tinha um caminho para Berlim de lá e resolvemos seguir. Devíamos ter pegado uma bifurcação à esquerda que nos levaria direto para Berlim. Chegamos em Piedras Blancas quase escuro e ainda pegamos o caminho par Berlim, de meia à uma hora a mais, pelo menos o caminho é bem plano.
Chegamos em Berlim, entrei na barraca deviam ser umas 22:00h, troquei umas palavras com Cleusa e Marcio, mal conseguia tirar as botas. Capotei.
13o.dia - Berlim a Plaza de Mulas - a volta pra "casa"
Agora era só alegria com cume ou sem cume estávamos voltando pra casa. Chega de água, chega de fazer xixi, chega de comida liofilizada, chega de sacrifício.
Pensei sobre o dia anterior, pra mim tinha sido um pesadelo, tanto esforço e sacrifício para não ver nada, para tirar uma foto com a cruz.
Arrumamos nossas coisas com uma felicidade sem igual, essa sim foi uma sensação ótima. Eu ainda estava muito debilitada, demorei a arrumar minha mochila. Desarmar a barraca então, nem pensar. Cleusa e Marcio desmontaram.Descemos com uma vista linda das montanhas pela última vez. Aproveitei para tirar algumas fotos que nem lembrava de tirar nas subidas. Logo chegamos em Nido, Marcio fez a gentileza de nos preparar um belo sanduíche de almoço. Deslizamos até Plaza Canada onde nossa última e mais pesada carga nos esperava. Marcio levou toda a nossa carga que tínhamos deixado mais a barraca do Chen, Cleusa levou a barraca do Marcio, eu ainda estava muito fraca.
Começou a nevar. Descemos essa parte embaixo de uma nevasca, logo tudo começou a ficar branco, muito bonito. Chegamos em Plaza de Mulas com uma trégua da nevasca. Descansamos, tomamos um chocolate quente e seguimos adiante. A distância que separa Plaza de Mulas do Refugio é muito relativa. Pode demorar meia hora como quase uma hora, que foi o que levamos, depende do estado que as pessoas se encontram.
Chegando no Refugio estava o pessoal: Eduardo, Lito, Rodrigo, Anita e bem mais cheio do que quando partimos. Recebemos abraços e levei uma bronca por não ter passado o rádio quando cheguei em Berlim.
Tomei um banho merecido, deve ter demorado mais que os 7 minutos permitidos, e fomos comer.
Que lindo: mesa, cadeira, entrada de sopa, o prato com um bife argentino, salada, suco e sobremesa. A refeição no Refugio custa US$24,00. A percepção de caro ou barato é também relativa dependendo do estado da pessoa.
Na mesa estavam Cleusa, Rosiane, William, os americanos, o Sr. Ezio e um outro inglês. Eduardo trouxe o champanhe e brindamos com o pessoal do Refugio Lito, Rodrigo e Anita.
Só alegria, cantamos até altas horas, em espanhol, em português, em inglês.

14.dia - do Refúgio para Horcones
Foi difícil deixar o Refugio, as despedidas são sempre difíceis. Eduardo falou para Cleusa que em 2 anos ela estaria de volta, ela respondeu que não...
Cleusa deixou a camiseta do CEU e colocamos nossas assinaturas. Não levamos a bandeira do T&T no cume mas está lá no Refúgio em Plaza de Mulas.
Conseguimos sair de lá era duas horas da tarde, as mulas estavam atrasadas. Descemos uma trilha que sai direto do Refugio e nos deparamos com o rio. Encontramos um pedaço de ferro retorcido que devia ser a ponte, e não conseguimos encontrar uma passagem. Estávamos de cima para baixo quando uns muleiros passaram lá e nos resgataram de mula. Descemos tranquilamente conversando, batendo papo, quando vimos no relógio: 18:45h e ainda estávamos nos vales antes de Confluência! Apertamos o passo, chegamos em Confluencia umas 20:00hs, encontramos com Eugenia e logo continuamos. Na saída conversei com um grupo de japoneses, ansiosos olhavam pra mim como que se quisessem mais informação. É engraçado depois ver a ansiedade nas pessoas que estão chegando. Lembrei de quando entramos no parque com a mesma ansiedade.
Descemos direto para Horcones, ainda presenciamos uma mula que havia caído e não conseguia se levantar. Devia ter quebrado a perna. Discutimos se haveria forma de carregar todo o peso para Plaza de Mulas como fez Junior ou o Marcio para não alimentar essa estrutura. Os muleiros devem ter deixado a mula lá, se estrebuchando até morrer.
No final já caminhávamos à noite, com o céu estrelado. Chegamos em Horcones às 22:00h e tivemos que esperar Hugo nos resgatar. Ele nos levou para uma hosteria, os americanos já estavam lá, para esperar as mulas que tinham se atrasado. Comemos e conversamos com um grupo de brasileiros de Campinas que se preparavam para entrar no parque. As mulas chegaram lá pela 1:30h, colocamos as bagagens na van que partiu direto para Mendoza. Ninguém deve ter visto nada do caminho, acordamos na cidade. A van nos deixou no albergue onde Wally e Chen nos esperavam.

No dia seguinte eles bateram na nossa porta e deram um abraço. Estávamos juntos novamente. Comemoramos com um almoço suculento e um salto de parapente!
Lembro que no cume senti a falta de meus companheiros de viagem e lamentei que não estavam ali ao meu lado. Lembrei da frase do filme Natureza Selvagem "a felicidade só é real, quando é compartilhada". Ter feito o cume foi uma grande satisfação, e o companheirismo entre aqueles que o demonstraram mostrou ser tão importante quanto.

13o.dia - Berlim a Plaza de Mulas - a volta pra "casa"
Agora era só alegria com cume ou sem cume estávamos voltando pra casa. Chega de água, chega de fazer xixi, chega de comida liofilizada, chega de sacrifício.
Pensei sobre o dia anterior, pra mim tinha sido um pesadelo, tanto esforço e sacrifício para não ver nada, para tirar uma foto com a cruz.
Arrumamos nossas coisas com uma felicidade sem igual, essa sim foi uma sensação ótima. Eu ainda estava muito debilitada, demorei a arrumar minha mochila. Desarmar a barraca então, nem pensar. Cleusa e Marcio desmontaram.Descemos com uma vista linda das montanhas pela última vez. Aproveitei para tirar algumas fotos que nem lembrava de tirar nas subidas. Logo chegamos em Nido, Marcio fez a gentileza de nos preparar um belo sanduíche de almoço. Deslizamos até Plaza Canada onde nossa última e mais pesada carga nos esperava. Marcio levou toda a nossa carga que tínhamos deixado mais a barraca do Chen, Cleusa levou a barraca do Marcio, eu ainda estava muito fraca.
Começou a nevar. Descemos essa parte embaixo de uma nevasca, logo tudo começou a ficar branco, muito bonito. Chegamos em Plaza de Mulas com uma trégua da nevasca. Descansamos, tomamos um chocolate quente e seguimos adiante. A distância que separa Plaza de Mulas do Refugio é muito relativa. Pode demorar meia hora como quase uma hora, que foi o que levamos, depende do estado que as pessoas se encontram.
Chegando no Refugio estava o pessoal: Eduardo, Lito, Rodrigo, Anita e bem mais cheio do que quando partimos. Recebemos abraços e levei uma bronca por não ter passado o rádio quando cheguei em Berlim.
Tomei um banho merecido, deve ter demorado mais que os 7 minutos permitidos, e fomos comer.
Que lindo: mesa, cadeira, entrada de sopa, o prato com um bife argentino, salada, suco e sobremesa. A refeição no Refugio custa US$24,00. A percepção de caro ou barato é também relativa dependendo do estado da pessoa.
Na mesa estavam Cleusa, Rosiane, William, os americanos, o Sr. Ezio e um outro inglês. Eduardo trouxe o champanhe e brindamos com o pessoal do Refugio Lito, Rodrigo e Anita.
Só alegria, cantamos até altas horas, em espanhol, em português, em inglês.
14.dia - do Refúgio para Horcones
Foi difícil deixar o Refugio, as despedidas são sempre difíceis. Eduardo falou para Cleusa que em 2 anos ela estaria de volta, ela respondeu que não...
Cleusa deixou a camiseta do CEU e colocamos nossas assinaturas. Não levamos a bandeira do T&T no cume mas está lá no Refúgio em Plaza de Mulas.
Conseguimos sair de lá era duas horas da tarde, as mulas estavam atrasadas. Descemos uma trilha que sai direto do Refugio e nos deparamos com o rio. Encontramos um pedaço de ferro retorcido que devia ser a ponte, e não conseguimos encontrar uma passagem. Estávamos de cima para baixo quando uns muleiros passaram lá e nos resgataram de mula. Descemos tranquilamente conversando, batendo papo, quando vimos no relógio: 18:45h e ainda estávamos nos vales antes de Confluência! Apertamos o passo, chegamos em Confluencia umas 20:00hs, encontramos com Eugenia e logo continuamos. Na saída conversei com um grupo de japoneses, ansiosos olhavam pra mim como que se quisessem mais informação. É engraçado depois ver a ansiedade nas pessoas que estão chegando. Lembrei de quando entramos no parque com a mesma ansiedade.
Descemos direto para Horcones, ainda presenciamos uma mula que havia caído e não conseguia se levantar. Devia ter quebrado a perna. Discutimos se haveria forma de carregar todo o peso para Plaza de Mulas como fez Junior ou o Marcio para não alimentar essa estrutura. Os muleiros devem ter deixado a mula lá, se estrebuchando até morrer.
No final já caminhávamos à noite, com o céu estrelado. Chegamos em Horcones às 22:00h e tivemos que esperar Hugo nos resgatar. Ele nos levou para uma hosteria, os americanos já estavam lá, para esperar as mulas que tinham se atrasado. Comemos e conversamos com um grupo de brasileiros de Campinas que se preparavam para entrar no parque. As mulas chegaram lá pela 1:30h, colocamos as bagagens na van que partiu direto para Mendoza. Ninguém deve ter visto nada do caminho, acordamos na cidade. A van nos deixou no albergue onde Wally e Chen nos esperavam.

No dia seguinte eles bateram na nossa porta e deram um abraço. Estávamos juntos novamente. Comemoramos com um almoço suculento e um salto de parapente!
Lembro que no cume senti a falta de meus companheiros de viagem e lamentei que não estavam ali ao meu lado. Lembrei da frase do filme Natureza Selvagem "a felicidade só é real, quando é compartilhada". Ter feito o cume foi uma grande satisfação, e o companheirismo entre aqueles que o demonstraram mostrou ser tão importante quanto.

14.dia - do Refúgio para Horcones
Foi difícil deixar o Refugio, as despedidas são sempre difíceis. Eduardo falou para Cleusa que em 2 anos ela estaria de volta, ela respondeu que não...
Cleusa deixou a camiseta do CEU e colocamos nossas assinaturas. Não levamos a bandeira do T&T no cume mas está lá no Refúgio em Plaza de Mulas.
Conseguimos sair de lá era duas horas da tarde, as mulas estavam atrasadas. Descemos uma trilha que sai direto do Refugio e nos deparamos com o rio. Encontramos um pedaço de ferro retorcido que devia ser a ponte, e não conseguimos encontrar uma passagem. Estávamos de cima para baixo quando uns muleiros passaram lá e nos resgataram de mula. Descemos tranquilamente conversando, batendo papo, quando vimos no relógio: 18:45h e ainda estávamos nos vales antes de Confluência! Apertamos o passo, chegamos em Confluencia umas 20:00hs, encontramos com Eugenia e logo continuamos. Na saída conversei com um grupo de japoneses, ansiosos olhavam pra mim como que se quisessem mais informação. É engraçado depois ver a ansiedade nas pessoas que estão chegando. Lembrei de quando entramos no parque com a mesma ansiedade.
Descemos direto para Horcones, ainda presenciamos uma mula que havia caído e não conseguia se levantar. Devia ter quebrado a perna. Discutimos se haveria forma de carregar todo o peso para Plaza de Mulas como fez Junior ou o Marcio para não alimentar essa estrutura. Os muleiros devem ter deixado a mula lá, se estrebuchando até morrer.
No final já caminhávamos à noite, com o céu estrelado. Chegamos em Horcones às 22:00h e tivemos que esperar Hugo nos resgatar. Ele nos levou para uma hosteria, os americanos já estavam lá, para esperar as mulas que tinham se atrasado. Comemos e conversamos com um grupo de brasileiros de Campinas que se preparavam para entrar no parque. As mulas chegaram lá pela 1:30h, colocamos as bagagens na van que partiu direto para Mendoza. Ninguém deve ter visto nada do caminho, acordamos na cidade. A van nos deixou no albergue onde Wally e Chen nos esperavam.
No dia seguinte eles bateram na nossa porta e deram um abraço. Estávamos juntos novamente. Comemoramos com um almoço suculento e um salto de parapente!
Lembro que no cume senti a falta de meus companheiros de viagem e lamentei que não estavam ali ao meu lado. Lembrei da frase do filme Natureza Selvagem "a felicidade só é real, quando é compartilhada". Ter feito o cume foi uma grande satisfação, e o companheirismo entre aqueles que o demonstraram mostrou ser tão importante quanto.

No dia seguinte eles bateram na nossa porta e deram um abraço. Estávamos juntos novamente. Comemoramos com um almoço suculento e um salto de parapente!
Lembro que no cume senti a falta de meus companheiros de viagem e lamentei que não estavam ali ao meu lado. Lembrei da frase do filme Natureza Selvagem "a felicidade só é real, quando é compartilhada". Ter feito o cume foi uma grande satisfação, e o companheirismo entre aqueles que o demonstraram mostrou ser tão importante quanto.

Wally contatou o pessoal do Refugio para providenciar o transporte, alugamos os equipamentos faltantes e finalizamos as compras no supermercado. Voltamos para o albergue e empacotamos tudo para já partir para Penitentes. Naka e Miriam apareceram pois houve um mal entendido com a empresa que eles haviam contratado (Campo Base) e foram com a gente. O transporte veio preparado para a quantidade de bagagem de montanhista, há um carrinho anexo à van onde colocamos nossas mochilas, barris e equipamentos. Penitentes é uma das "vilas" de porta de entrada do Parque. Não há bancos ou comércio, somente alojamentos. Dormimos em uma hospedaria na "vila" a 2800m por US$30,00 com café da manhã.
Esse foi o episódio que separou o grupo em dois.
Não nos falamos mais, até...
- Vocês são muito fortes!
Nos despedimos de Eduardo que nos monitoraria pelo rádio na frequência do Refúgio 143.100 MHz. Passamos por Plaza de Mulas e pelo Guarda Parque para pegar meu saco de "caca". Pela cara dos guarda parques havia alguma outra emergência ocorrendo no momento. Saímos de Plaza de Mulas às 12:30h, refizemos o caminho do dia anterior e às 17:00h chegamos em Canada um pouco mais cansadas que no dia anterior. Pudera, a mochila estava bem mais pesada. Encontramos com Naka e Marcio que tinham feito o porteio para Nido aquele dia. Eles nos ajudaram a armar a barraca. Cleusa estava com muita dor de cabeça, falei pra ela deitar um pouco. Peguei o saco de nylon para carregar o gelo, tudo cansa: picotar o gelo, colocar o gelo no saco, carregar, essa hora recebi a ajuda bem vinda para carregar o saco de gelo para perto da barraca por 2 americanos que também estavam hospedados no Refugio. Pois é... acabou a moleza de ter água prontinha, tínhamos que derreter gelo para o nosso consumo de 5-6 litros diário.
Coloquei o último saquinho de carboidrato goela abaixo, descansei um pouco, sentia meu rosto inchado.

7 de janeiro de 2009

Aconcagua, A Outra Face




O Aconcagua, Sentinela de Pedra em quechua, com seus 6962m de altitude, causa ao mesmo tempo espanto, admiração, respeito, sacrifício junto com muitos outros sentimentos, alegrias e tristezas no meio montanhístico. Esse pode ser o resumo dessa viagem turbinada de emoções.
Gostaria de agradecer por todos que torceram por nós e pelo companherismo nessa jornada nada fácil de ser superada.